domingo, 1 de dezembro de 2013

Começando o Diagnóstico - Parte I

"Sabendo" em que dia do meu ciclo eu estava, resolvi marcar a minha histerossalpingografia. Este exame deve ser feito preferencialmente entre os dias 7 e 9 do ciclo, então eu sabia que o primeiro dia do meu ciclo fantasma teria sido dia 18 de novembro, então marquei meu exame para o dia 25. Gente, olha que feliz eu fiquei quando soube que minhas contas estavam certinhas! Pensa numa pessoa feliz?? Eu!! No dia 19 menstruei depois de longos 5 meses!
No dia do exame, lá fui eu toda confiante. Tomei dois comprimidos de buscopam e fui. Conheço algumas pessoas que fizeram este exame. Umas não sentiram nada, outras sentiram dor. Eu senti muuuita dor. Desta vez vi minha avó pela greta mesmo. O exame é super rápido, mas o suficiente para ser inesquecível no quesito "uma vez pra nunca mais".
"A histerossalpingografia nada mais é do que um raio-x contrastado da cavidade uterina e de suas tubas. Ele é realizado em série, com a injeção de um líquido (contraste iodado) através do orifício do colo do útero, com o auxílio de um catéter (sonda) fino. Tem como principal objetivo avaliar a morfologia das tubas uterinas e, através desta análise, inferir sobre sua função reprodutiva. Pode também oferecer dados sobre a anatomia uterina, como a presença de mal-formações Müllerianas (útero bicorno, unicorno, septado etc), presença de pólipos ou miomas e sinéquias uterinas."
Terminado o torturante  exame a surpresa: "Imagens compatíveis com sinéquias, principalmente na região do corpo. Irregularidades na região fúndica, compatíveis com adenomiose. Livre passagem do contraste para a cavidade peritonial, bilateralmente."
Próximo passo: levar o exame para o GO e encarar um tratamento. Se houver um....

Adenomiose:
"Esta doença é muito semelhante à endometriose quanto à sintomatologia. Entretanto, sua origem e formas de tratamento são bastante diferentes. Atinge com mais freqüência mulheres com idade entre 35 e 50 anos, sendo que a grande maioria possui filhos antes do diagnóstico já que é graças ao parto ou a antecedentes de curetagem que surge a adenomiose. Após trabalho de parto ou curetagem o endométrio encontra áreas mais frágeis próximas ao miométrio e invade a musculatura uterina. Assim, de forma semelhante à endometriose, o endométrio se desenvolve fora do local de origem, mas nesses casos no meio do músculo uterino, o miométrio. 

Tratamento:

Não apresenta bons resultados com hormônios e por isso costuma ser tratada por cirurgia. É fundamental que o diagnóstico seja feito com precisão para evitar procedimentos cirúrgicos desnecessários. A cirurgia mais empregada, quando a mulher não tem mais desejo reprodutivo é a histerectomia, ou seja, a retirada do útero. Esta cirurgia pode ser realizada por videolaparoscopia, via vaginal ou pela via convencional, com incisão semelhante à utilizada no parto cesário.

Raramente, quando os exames mostram apenas a presença focal (o adenomioma), e a mulher possui desejo reprodutivo,  podemos tentar a cirurgia conservadora com a retirada apenas do nódulo."

Seja o que Deus quiser.

Observe você mesma

"Você ter uma sinequia depois de uma curetagem é quase como acertar na mega sena. Pode acontecer, mas é difícil". Esta foi a frase que ouvi do último GO que procurei. Não satisfeita com a morosidade da minha GO em me pedir exames alooow eu não sou mais uma mocinha de 20 e poucos, fui atrás de outra opinião.
O que há com os médicos desse Brasil varonil que não trabalham com prevenção? Pode não ser todos, mas quem souber de um que se antecede aos problemas me avise!!
Bem, porque eu não fiquei parada esperando meu organismo voltar a funcionar sozinho? Com exceção de um "descompensado" TODOS (me consultei com 4 GOs diferentes em 5 meses), me disseram que eu estava ansiosa e isto estava atrapalhando meu organismo voltar ao normal. O "descompensado" tinha visão de raio-x. A palavra curetagem foi suficiente para ele diagnosticar com todas as letras SINEQUIA. Me deixou com tanto medo que saí de lá pra nunca mais voltar.
Então, nestes cinco e poucos meses eu aprendi a me observar. Observar meu organismo. Mesmo sem sangramento algum eu sabia quando eu estava 'ovulando" e quando estava "menstruada" ou deveria estar.
Iniciei marcando minha temperatura basal que me mostrava um ciclo bifásico bem bonitinho. Embora os médicos não gostem desta técnica, eu achei bem eficiente no meu caso. Fora isto eu observava o muco antes do período fértil e todos os sintomas decorrentes.
Temperatura basal - TB:
"Como se mede a temperatura basal?

É chamada de temperatura corporal basal a temperatura mais baixa de seu corpo em um período de 24 horas. O momento em que a temperatura é mais baixa é durante o sono.

Para acompanhar a temperatura, você vai precisar:
de um termômetro só para você, que fique na sua mesinha de cabeceira
papel e lápis ou outro método de anotar logo a temperatura, para não esquecer

Orientações:
meça a temperatura todo dia, assim que despertar, mas sem se mexer muito nem sair da cama
a medição da temperatura na boca (com o termômetro embaixo da língua) é mais precisa
procure medir sempre na mesma hora, mas o mais importante é que você tenha ficado adormecida pelo menos por duas horas antes da medição. Se for impossível, e você não tiver dormido o suficiente, considere essa temperatura "suspeita". Temperaturas "suspeitas" são sempre mais altas que as reais.
preencha um gráfico com as temperaturas do mês todo. Use o gráfico interativo em Excel ou procure sites que tenham a tabela online. Fica mais fácil de interpretar.
comece a medição no primeiro dia do ciclo menstrual.( http://brasil.babycenter.com )
No meu caso, eu não tinha, inicialmente, o primeiro dia do ciclo, pois não menstruava, mas eu já sabia que ciclo era de 28 dias e aí foi uma questão de tempo marcando a TB para confirmar isto. Pois no gráfico fica bem caracterizado a primeira fase do ciclo (folicular, mais baixa) e a segunda (lútea, mais alta)

Período fértil:
Durante o período fértil, a mulher apresenta alguns sinais e sintomas:
 Presença de um muco vaginal transparente, parecido com clara de ovo
Ligeiro aumento da temperatura corporal
Algum desconforto no baixo ventre pode ser percebido por algumas mulheres
Aumento do apetite
Você não sentir alguns destes sintomas não significa que não está ovulando, então não pira o cabeção.

Conhecer meu corpo me ajudou a não ficar deitada em berço esplêndido e correr atrás de resolver minha vida.



Começando o Diagnóstico


A minha menstruação não veio e eu não conseguia sair do ciclo da perda. Via outras mulheres que perderam seus bebes até depois de mim engravidarem novamente e eu sequer sabia o que havia de errado comigo.
Mas sabia que havia algo que não estava bem, não era só uma questão de tempo como todos me diziam.
O desespero estava á flor da pele. As cólicas constantes mês a mês me deixavam abalada. 4 meses com amenorreia e ainda assim eu sentia todos os sintomas da TPM. Dúvidas e mais dúvidas. Será que estou ovulando? Se estou, porque  não menstruo? Estou com sinequia obstruindo a passagem do sangue? (Sinéquias uterinas são "cicatrizes" (aderências) que ocorrem dentro do útero após manipulação cirúrgica, processos infecciosos uterinos ou até radioterapia. Geralmente, ocorrem após uma curetagem pós-abortamento, uma retirada de mioma ou pólipo uterino, ou após uma endometrite (infecção do endométrio, a camada interna do útero).
Comecei a pesquisar na internet sobre sinequias e tudo o que eu lia me deixava mais triste, mais de cabelo em pé. Eu não iria engravidar se eu tivesse aquilo...
No dia 22 de outubro eu tinha consulta e estava sofrendo com uma cólica terrível. A médica viu meu sofrimento e só então levou a sério a minha preocupação com um problema mais sério do que ela achava que pudesse ser (nada, ansiedade, tempo). Me examinou, fez o toque: “colo duro e fechado”. Perguntou se eu me importava se ela tentasse abrir. Para quem está na chuva, se molhar é o de menos. Ela aplicou uma anestesia no colo do útero e com o espéculo forçou algo lá dentro.
Sangrou, vi meia vó pela greta (só meia mesmo, inteira será mais á frente). Não sei o motivo do sangramento, mas depois disto ela viu que precisava averiguar melhor meu caso.
Me deu um pedido para um novo US e para um exame chamado histerossalpingografia . No próximo post vou falar desse raio de exame. Me deu uma receita de um estrogênio e disse para eu já começar a tomar caso não desse nada nos exames. Perguntei o que iria acontecer se eu tivesse a temida sinequia. Ela me disse: “vamos ter que fazer uma cirurgia e você usará um DIU e hormônios por 6 meses.” Morri. Cheguei em casa e chorei todas as mágoas. “Porque meu Deus?!” 

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

O fim da Saga?

Lugar algum jamais me causou tanto medo como aquela sala de cirurgia.
Eu tremia incontrolavelmente.
O cytotec não havia feito efeito algum, não tinha jeito. 7 dias internada e nenhum sangramento. A enfermeira abriu a porta, colocou o avental aberto na frente e me mandou vesti-lo. Ela me levaria para a sala de cirurgia. Eu chorava silenciosamente. Meu corpo inteiro tremia. Eu não conseguia me controlar. Tentava, em vão, orar. A única coisa que vinha na minha cabeça: "Jesus, socorro!"
O medo nos paralisa. Eu tinha medo de sentir medo e a anestesia falhar.
Tinha medo de algo fosse feito errado.
Medo de sentir dor.
Mas foi tudo tão rápido que se eu soubesse teria feito antes. Anestesia, dormi. Em 15 minutos fizeram o que tinham que fazer. Acordei com uma enfermeira com cara fechada, colocando um potinho em cima do meu peito: “este é o material para você levar para o exame.”
Era meu bebê. Ou o que restou daquele corpinho minúsculo de seis semanas e três dias.
Eu sei que elas estão acostumadas com estas coisas, mas eu não. Voltei para o quarto, permaneci deitada por uma meia hora, peguei minhas coisas e fui para minha casa. Finalmente. Com meu bebê em um potinho.
Hoje eu o sinto mais vivo em mim do que quando o carregava. Sinto saudades. Uma saudade que somente quem vivenciou tal coisa sabe entender. Explicar é impossível.
É difícil até explicar como nós conseguimos amar um serzinho tão pequeno, em tão pouco tempo e este sentimento permanecer para sempre.
Acredito que Deus tem um plano para mim. Não faço a menor ideia do que seja, mas tenho certeza de que é algo maravilhoso. Posso confiar.

O mar se revoltou, quis me afogar, mas o meu Mestre me resgatou e acalmou meu coração.

A curetagem: 
abro este espaço para explicar como foi o procedimeto. Eu tive muito medo justamente por não ter uma informação a respeito do assunto, de pessoas lúcidas.
Entrei na sala de cirurgia as 15:00h e a enfermeira me colocou no soro.
As 15:15h o médico anestesista aplicou no soro a anestesia. Foi a geral. Não vi, nem ouvi, nem senti nada.
As 15:30h eu acordei com tudo pronto. A curetagem já havia terminado, o material colhido.
Aguardei meia hora até retornar para o quarto.

Fui embora cerca de uma hora depois, andando, sem dor.

Fiquei 15 dias sem fazer esforço e sem ter relações sexuais. No meu caso, fui para casa medicada com antibiótico e anti-inflamatório para tomar por 10 dias.

Na escuridão do dia

“Não houve progressão do desenvolvimento embrionário em relação ao exame prévio de 23\04\13) (IG: 10 semanas e 04 dias)”
Esta foi a conclusão do US, confirmando assim o que o meu coração já sabia: meu bebê não tinha mesmo mais vida.
Saí da clínica com uma mistura louca de sentimentos. Medo, tristeza, alívio.
Fui para casa, encontrei meu marido. Contei o ocorrido, fiz sinal com o corpo inteiro de que eu necessitava de um abraço. Sem sucesso. Chorei e fui para o consultório da velha GO. Aquela que me disse que a natureza era sábia. Ela olhou tudo e me disse que era pra eu ir para casa e esperar para que meu organismo expulsasse o meu bebê naturalmente. Caso isto não ocorresse em 15 dias, era para procurar um hospital. Era para fazer o mesmo no caso de febre. Fui para casa desnorteada.
Ter que ter uma rotina diante de algo assim foi como tomar banho nua no polo sul. Algo completamente fora do comum.
As pessoas me viam e queriam saber como estava meu bebê. Parabenizam a mim e meu marido e eu tinha que dizer a verdade.
No dia 04 de maio pensei ter sentido febre. Fiquei muito preocupada e pedi ao meu marido que me levasse ao hospital. Ele se negou. Disse que não tinha necessidade de sair de casa naquela hora da noite. Disse que parecia que eu estava enlouquecendo e que era para eu me controlar. Morri por dentro. Ninguém fazia ideia da minha dor. Mas ninguém tinha o direito de fingir que não doía.
Fui ao PS, me consultei e um médico amável me confortou. Disse que estava tudo bem comigo e que aquela febrezinha era, possivelmente de cunho emocional. Me explicou como tudo iria acontecer e se mostrou preocupado com meu estado. Isto me confortou como há muito eu não sentia.
11 de maio: “quadro ecográfico compatível com gestação inviável”. Mais um US. O medico queria fazer uma curetagem. Eu disse que era meu primeiro filho e que não queria me arriscar com um procedimento daquele cunho. Ele me pediu para retornar em uma semana. O que não foi possível.
No dia 14 de maio, nova US: “abortamento retido”. O médico plantonista resolveu me internar e usar o cytotec para que meu organismo eliminasse.
Dia 17 de maio, outro US:”quadro compatível com abortamento em curso”
Fiquei internada, usando cytotec por 7 dias. Não havia um dia em que eu não chorasse. Não havia um dia em que eu não blasfemasse. Eu simplesmente não entendia como eu podia estar ali ainda. Deus, me tira daqui! E nada acontecia. A ideia da curetagem me apavorava. Eu que jamais havia ficado internada e muito menos feito qualquer cirurgia, estava aguardando o pior momento da minha vida.
Implorava a Deus que meu organismo reagisse e nada. Ora o colo estava muito duro, ora estava ficando mole, mas nunca aberto. Não vi sequer uma gota de sangue, não tive nenhuma dor física. Aquilo parecia um pesadelo infindável. Medos, muito medos. Medo de infecções, medo da curetagem, medo de nunca mais poder engravidar.
Medo de que a noite caísse e eu tivesse que acordar no dia seguinte ainda na escuridão.






O tempo fechou

Terça-feira, 23 de abril. Eu e meu marido saímos cedinho de casa. Era o dia do US mais esperado de todos os tempos. Ver nosso bebê pela primeira vez, ouvir o coraçãozinho dele. Eu estava mais ansiosa em ver a reação do meu marido, do que com o que eu iria sentir.
A secretária me preparou. Eu me deitei. Aguardei o médico que entrou bastante sério. Sem muitas honras começou o exame. O silêncio. Revira de uma lado, revira do outro. Enfim ele me perguntou duas coisas: “é seu primeiro US?” “quando foi sua DUM?”(data da última menstruação). Eu expliquei que não sabia ao certo, mas achava que teria sido em fevereiro.
Ele fez cara de quem não gostou. Travei minha mandíbula. Segurei para não começar a tremer. Olhei para o meu marido com cara de quem não estava gostando nada daquele médico.
Doutor, está tudo bem?
“É cedo para dizer. Está com 6 semanas e 3 dias.
Ainda não foi possível escutar o batimento cardíaco.”
E isto é normal??
“As vezes, quando é muito pequeno, só é possível ouvir com mais semanas.”
Não, não gostei nada daquilo.
Ele pediu para que eu aguardasse 10 dias e repetisse o exame.
Saí de lá com o coração na mão. Sem sentir minha respiração. O que achava que era só um pensamento negativo era,agora, bem real.
Fomos embora.
Três dias depois fui para minha consulta com a GO. Mostraria os exames e aí aproveitaria para perguntar coisas triviais do tipo: o que posso comer, quando posso voltar para  a academia e tals. Mostrei os exames e estava tudo excelente. Mas o semblante dela mudou quando mostrei o US que dizia na sua conclusão: “gestação 06 semanas e 03 dias (=\- 1 semana). Embrião sem atividade cardíaca. Sugerimos reavaliação ecográfica em 10 dias.”
Não sei se fui inocente ou resiliente. Mas mesmo com aquele resultado na mão, não me desesperei. Era para repetir em dez dias, então era o que eu faria.
Ela pegou um circulo. Perguntou minha DUM, virou aquele círculo de um lado e de outro, balançou a cabeça e me disse para esperar os dez dias e depois levar o exame para ela ver.
Saí de lá apavorada... como ela podia me deixar tão preocupada?
Procurei a velha ginecologista. Peguei um pedido de exame para não ter que passar pelo OS. Fui para casa e chorei.
Nesta noite sonhei que eu sangrava enquanto dormia e foi horrível!

Não esperei os tais dez dias. Esperar significava me matar um pouquinho a cada dia.
O tempo estava fechando pra mim

O sol está lá fora

Está gravidíssima!! 
Foi o que disse minha GO ao olhar meu BETA no dia 09 de abril. Me pediu os primeiros exames pré natais e no mais, estava tudo bem.
Muito diferente de tudo o que eu temia, eu e meu marido estávamos muito felizes. Ele fazia planos para nosso bebê. Contava para todo mundo que encontrava pela frente. Reunimos a família e demos a noticia. Havia um novo serzinho que iria fazer parte da nossa história. Choro, emoções, alegrias. Abraços, sorrisos, fotos.
Meus pais não puderam estar presentes, então combinei com minha amiga gravidinha de irmos no fim de semana para visita-los e compartilhar dos nossos bebês.
No dia 13 de abril, saímos bem cedo. Pegamos a estrada e fomos falando sobre nossos planos de mães.
Os meus planos era lindos, mas não muito consistentes.
Eu tinha medo de dizer e parecer negativista, mas o fato era: eu não me sentia grávida. Como eu saberia o que era estar grávida se nunca havia ficado antes?
Não contei nada a ninguém sobre os meus pensamentos nebulosos. Mas meu coração me dizia o tempo todo que algo estava muito errado.
Eu olhava para minha amiga e via um brilho diferente... um jeito de falar radiante. Aquilo não tinha nada a ver comigo. Ela estava entusiasmada e eu apagada.
Saímos para comprar umas roupas de gestante. Ela mega animada, fazendo planos de como amamentaria com as novas vestes com botões na frente e eu achando tudo muito estranho. Eu queria achar a graça naquilo tudo, mas não conseguia.
Ela babava nas roupinhas de bebê, eu não conseguia querer comprar nada para o meu filho. Havia um sol que brilhava nela, mas não em mim.
Achava tudo lindinho, mas... algo não se encaixava.
De volta em casa, a rotina voltou.
Eu só teria consulta para mostrar os exames pré natais no dia 25.
No dia 22 de abril cheguei correndo em casa para pegar o material de um curso e resolvi fazer um pit stop para o pipi. Quando passei o papel higiênico achei que tivesse visto uma mancha marrom. Me assustei. Passei novamente e não tinha nada, mas aproveitei o ‘ensejo” para ir ao PS. Chamei o marido e lá fomos nós... eu chorando e ele sério, calado.
A GO que me atendeu disse que estava tudo bem. Não havia sangramento nenhum, o colo do útero estava fechadinho e meu bebê protegido. Pediu para que eu ficasse em casa por dois dias. Repouso absoluto só por uma questão de segurança. Depois disto, que retornasse ao hospital para fazer um US. Só para ver como estavam as coisas.

Hoje eu acho que Deus começou a me confortar muito antes de tudo o que eu podia imaginar que poderia acontecer. E sou grata a Ele por isto, todos os dias.

E o sol brilhou

“...a natureza é sabia.” Quanto mais eu me lembrava desta frase, mais inconformada eu ficava.
Eu não tinha tanto tempo a perder! Estava ficando velha...quanta ironia!
Não dava mais para esperar sequer um dia. Resolvi procurar outro médico. Peguei o livrinho do plano e comecei a ligar. Consegui uma que me encaixaria em uma semana.
Uma semana e lá estava eu, em uma sala de espera cheia de grávidas! Comecei a pensar que talvez eu jamais estivesse ali pelo mesmo motivo. Tinha algo errado comigo e eu precisava descobrir. Entrei, me sentei e comecei a contar todo o ocorrido para a minha nova GO (ginecologista obstetra) . Ela me pediu um BETA HCG e disse que assim que ficasse pronto era para eu voltar lá que ela me passaria algo para fazer a M descer. Ufa! Lá vou eu, mais um BETA?? Ok, eu faço, pelo menos ela vai me medicar...
Passei no laboratório, colhi o sangue e fui embora. O resultado sairia no mesmo dia as 16 h.
As 17 h me lembrei do exame, entrei no site. Olhei o resultado. Mas cadê o “positivo” “negativo”. Ele era qualitativo. Valor: 31.000 e lá vai bolinha...
Huuum, o que será que deu nesse exame? Isso é 3,0 ou 0,3 ou 300 ou 3000?? Sabe quando o cérebro não entende o que vê?? O meu estava confuso. Tremi, não entendi. Tremi novamente. Fui para casa. Liguei para uma amiga que acabara de descobrir uma gravidez, ela havia feito o qualitativo, o tal “positivo” “negativo”, não podia me ajudar. Liguei para minha mãe, ela nunca tinha feito um. Não é possível, vai ver ela não lembra! Comecei a tremer ainda mais ...
Depois de muuitas horas tentando entender, a ficha caiu. Eu estava grávida! Como?? Dãamm...
A parte difícil era contar para o marido. Mas eu precisava.
No dia seguinte (05 de abril) levantei cedo, comprei flores, escrevi em um cartão algo do tipo “dentro de mim agora batem dois corações por você” e coloquei o exame junto. Escrevi  POSITIVO bem grandão e saí correndo. Não queria estar nem perto quando ele encontasse.
Esperei a manhã e a tarde toda que ele me ligasse. Meu coração parecia que ia sair pela boca. No fim do dia ele me mandou uma mensagem: “venham para casa, vamos comemorar”.

Respirei mais aliviada.

A natureza é sabia

Desde que me conheço por gente, sempre desejei ser mãe. Por motivos múltiplos só consegui "concretizar" isto este ano.
Ser mãe com 35 depois dos 30 não era um conto de fadas propriamente dito. Há uma certa dificuldade. Há quem diga que a possibilidade de engravidar espontaneamente entre 35 e 39 anos de idade é 50% menor do que entre os 30 e 34 anos. Além do fato de não se ter mais tanto tempo para um tratamento no caso de descobrir algum probleminha.
Parei com a pílula em agosto de 2012 e fui levando uma vida normal, esperando pacientemente que uma hora aconteceria. E aconteceu...
Em fevereiro deste ano minha menstruação (M) simplesmente não veio e eu comecei a ficar preocupada. Pesquisava na internet sobre endometriose, pólipos, cistos, enfim, qualquer coisa que fosse a causa do sumiço da minha menstruação. Até que tomei uma decisão: procurar um médico. Fui para uma consulta de rotina, minha ginecologista me pediu um US (ultrassom) e um BETA HCG.  Pe-ra-í, como assim? Eu não estou grávida! Ok, ok, eu faço... corri para o laboratório e colhi o sangue, passei na farmácia e comprei um teste. O resultado do BETA só sairia no dia seguinte a partir das 14 h e eu queria saber antes, pela manhã.
Cheguei em casa, liguei para marcar o US. Consegui uma vaga para dali a 16 dias.
Pela manhã fiz o teste com a primeira urina e adivinhem? Duas listras. Uma forte e outra beeeem clarinha, praticamente invisível. Olhei de novo e pensei: será que é assim mesmo, eu fiz algo errado ou está com defeito? Não sei, enfim, NEGATIVO. Ok, eu sabiiia que não estava grávida.
Hoje eu sei, pela experiência de outras amigas, que uma listra clara ou quase invisível é praticamente um positivo.
Antes que houvesse tempo para pegar o resultado do BETA não me senti bem. Tive febre e calafrios. Tomei um banho e deitei embaixo de um monte de cobertas. Batendo o queixo comecei a pensar: e se eu estiver grávida? E se eu estiver grávida e com dengue? E se não for dengue? E se eu estiver grávida e com uma doença grave? Eu estava, finalmente, começando a ser mãe. Levantei, peguei minhas coisas, chamei meu marido e fomos ao PS.
Detalhe: meu esposo não queria um filho, nem podia sonhar com esta possibilidade. Ainda estávamos tentando acertar esta parte das nossas incompatibilidades.
Entrei no consultório, disse que achava que estava com dengue, mas não podia dizer que achava que estava grávida. Como assim eu daria uma notícia tão importante ao meu marido daquele jeito?
A médica pediu exames de urina e de sangue e me pediu para aguardar que me colocariam no soro. Saímos do consultório, fingi que havia me esquecido de dizer algo, voltei e disse: posso estar grávida.
Ela me olhou e disse: tudo bem, não vou te passar nada que possa prejudicar você ou seu bebê.
No dia seguinte, medicada contra uma infecção urinária, entrei no site do laboratório e fui ver o resultado do BETA: NEGATIVO. Ufa! Ainda bem.
Ok, eu sabia que daria negativo.
Entrei na internet, fucei tudo e mais um pouco na tentativa de descobrir primeiro que o médico o meu "problema", e nada. E tudo. O jeito era esperar o US.
Dia 15\03\13 fui fazer o tão esperado US. Laudo: “exame ecográfico sem evidências de anormalidades”. Liguei no mesmo dia para a ginecologista. Ela tinha que me atender e dar um jeito na minha situação.

Estava tudo bem no meu exame a não ser pelo "erro" do médico que fez o exame e não percebeu, segundo a minha ginecologista, que minha menstruação estava prestes a descer. Havia uma mancha branca indicando a formação de sangue. Minha ginecologista olhou pra mim e disse: "você vai menstruar. Se não acontecer daqui uma semana, volte que vou receitar algo para que ela desça. Não se preocupe, a natureza é sabia."

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Será que vai chover

Hoje amanheceu com o maior jeitão de chuva. Uma névoa vinha do oceano, escurecendo o dia. Mas estava abafado, em nada lembrava os felizes dias de inverno.Tudo bem parecido com meu humor de hoje. Ansiosa, nervosa, chorosa: o tempo abriu  fechou pra mim.

Dia 21 fez 4 meses que fiz uma curetagem por causa de um aborto retido (assunto para outro post). Até a um tempinho atrás eu contava os dias, agora arredondo para meses. Desde então nunca mais vi a cara da menstruação bandida. Resolvi adotar este nome por um motivo simples: quando ela aparece nos rouba o sonho de ser mãe.

Agora vem a redundância: eu quero que a bandida venha. Não para me roubar sonho algum. Diferente de outras épocas, agora ela me devolverá a chance de voltar a sonhar... talvez ela não seja tão má. Na verdade ela é necessária como uma chuva no inverno seco e tão normal quanto o sol quente do verão. Ela é a referência de que tudo está certo e que...tcha-ram!! Estou ovulando e posso engravidar!
A conclusão que minha GO (ginecologista obstetra) chegou é que não estou ovulando, por este motivo não menstruo. Solução: tomar UT (Utrogestan). O objetivo é que uma "boa" dose de progesterona me faça ovular e consequentemente a bandida reaparecerá. Ou não, quer dizer, vai que eu ovule e este óvulo seja fecundado e ... o resto dá para imaginar. Loucura, loucura.....
Tomei 10 comprimidos de UT e agora vou esperar 10 dias sem ele aguardando a tão esperada bandida. Repetindo este processo até terminar uma cartela de 30 comprimidos. Caso não dê certo, um próximo passo desconhecido será tomado. De antemão já sei que vou fazer uso de algum estrógeno. Depois retorno para contar.
Teoricamente comecei o UT em "qualquer" dia do ciclo (na verdade comecei no 2º dia segundo minha TB. Sim eu acompanho diariamente minha temperatura basal embora minha GO tenha dito que isto é coisa do passado)
Dúvidas, dúvidas! Muitas perguntas têm invadido meus pensamentos:
1º- Será que estou grávida?
2º- Será que vou ovular depois de parar o UT?
3º - Será que o UT irá antecipar minha ovulação?
4º - Minha TB está baixinha. Mas a progesterona faz a temperatura subir. Sobe TB!! Como pode isso?
Sintomas que tive usando o UT: muuuuito sono, muito sono, enjoo, retenção de liquido e acne. Ja li relatos de que o muco cervical aumenta com o uso do UT. Não aconteceu comigo. Nada de lubrificação.

No que depender do meu humor afirmo que, com certeza, a bandida está próxima.Já sei, vou fazer a dança da bandida chuva!  Até porque abriu um mega sol agora.

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Dias cinzas me fazem rir

O dia hoje está meio assim... do jeito que eu amo: cinza! Adoro tempo friozinho, chuva. Não fico nem um pouco deprimida, pelo contrário, fico em êxtase! Alegre, sorridente, animada. Não faço a menor ideia do motivo disto, mas o fato é que nem andar de ônibus me irrita (e isto geralmente me irrita muito hehehe) quando o clima está assim.

Esta minha animação normalmente é um prato cheio para algumas pastelâncias (= sonseiras).

Então, acordei hoje sem conseguir abrir os olhos direito, de tanto sono. Desse jeito fui para o banheiro e tomei banho. Fiz tudo no piloto automático até chegar a hora de vestir uma calça. Pronto, alguém podia me socorrer e me explicar o que acontece com o corpo da gente quando engravidamos e desengravidamos mesmo que rapidinho, antes do previsto?? (assunto para outro post). Nada me serveeeee!

Bem, entrei numa calça jeans e liguei o piloto automático novamente. Normalmente quando isto acontece eu só acordo de fato, dentro do ônibus, já a caminho do trabalho.Cheguei ao trabalho toda serelepe a não ser pela perna da minha calça que estava com a costura me machucando. Incomodava, mas... aarrhhgg! parecia que alguém tinha passado o ferro muito quente e aí a linha derreteu por dentro sabe?!

Anda pra lá, pra cá, busca processo. Sobre escada, desce escada. Parada para o pipi. Não, primeiro resolvi passar na sala de uma amiga para vê-la. E a costura da calça me incomodando. Pedi a ela uma tesoura. Eu estava determinada a ir ao banheiro, tirar a calça e cortar a tal linha derretida. Pois bem,. eu fui.
Desanimada de ter que tirar a calça e depois me dar aquele trabalhão para vestir, mas ia rolar um pipi mesmo... mataria dois coelhos numa cajadada só.

Gente, quase morri quando puxei a calça e junto veio nada mais, nada menos que uma calcinha! Como assim tinha uma calcinha dentro da boca da minha calça?? Calmaaa, não era a que eu estava vestida. Não faço a menor ideia como ela foi parar na perna da minha calça e comigo dentro!! Já pensou se ela resolve descer perna abaixo e fica pendurada...eu pisando em cima... que vergonha!!

Eu ri muuuito de mim!! Acho que este tempinho me faz muito bem mesmo...


terça-feira, 27 de agosto de 2013

Um inverno na minha primavera

Quem já assistiu Game of Thrones?
É uma série que se passa em Westeros, uma terra remanescente da Europa Medieval, onde as estações duram por anos ou até mesmo décadas!! E daí?
Daí seria mais ou menos como a vida da gente, quatro estações longas. Desconheço quem só viva no calor intenso do verão ou no frio  de renguiar cusco (??). Até meus pais, que moram em um lugar quente danado, desfrutam de alguns meses de clima ameno. Então, nossas vidas não serão nunca só frio ou só calor. A minha invernou como em Westeros.

Quero compartilhar dos frios tenebrosos que passei ,afinal, juntos podemos nos aquecer e trocar ideias de como sobreviver. Mas quero principalmente dividir as experiências de como está sendo viver uma primavera no meio deste inverno. Sim, as vezes vivemos mais de uma estação ao mesmo tempo. Elas não dão vez uma para as outras, vão acontecendo e aí quanto mais bagagem melhor. Mulheres Pessoas prevenidas valem por duas!

Devo dizer que encontrei inspiração em um blog e num punhado de amigos virtuais que têm sido meu apoio fundamental. Não é só uma questão de escrever, é uma homenagem às pessoas que se preocupam umas com as outras e usam a própria experiência de vida para ajudar.

Alguns anos se passaram desde que comecei a escrever e depois parei e excluí todos os posts. Eu estava vivendo um inverno meio nebuloso e me cansei, perdi a paciência. 

Bem, resolvi recomeçar meu blog. Não tenho muito tempo para tal, mas tenho necessidade. Meu inverno já durou demais e embora eu ame um friozinho, preciso renovar as folhinhas, florescer e emanar luz

Afinal, há uma primavera no meu inverno ou um inverno na minha primavera? Vai ver são as entrelinhas entre uma estação e outra, a  transição das estações que causa instabilidade no clima dificultando descobrir ao certo pelo que estamos passando. Hoje, quero crer que há um inverno na minha primavera e que apesar de ainda ver mais dias cinzas do que coloridos, a linda estação das flores prevalecerá. De qualquer forma, desfrutarei tudo de bom que elas oferecem. Cada uma a seu tempo. Do jeito que tem de ser.

Eu espero.